Para o Festival Internacional de Manchester (MIF), a artista argentina Marta Minujín se propôs a recriar a icônica torre de Londres com a metade de seu tamanho original. Deslocada de Londres para o Piccadilly Public Gardens, em Manchester, uma cidade que impulsionou a Revolução Industrial durante o século 18, a réplica consiste em 42 metros quadrados cobertos por 20.000 livros relacionados à história britânica. Este ícone cultural, que representa o centro de poder do Reino Unido está, por sua vez, simbolicamente deitado, já que a proposta de arte interativa permite o público acessar, percorrer a obra e, no final do festival, levar consigo os livros que fazem parte dela.
As pessoas precisam disso! Precisamos de novas ideias e novos espaços onde as pessoas possam se encontrar. Símbolos globais como o Big Ben permanecem firmes e nunca mudam - mas o mundo está em constante mudança. – Marta Minujín para MIF.
O projeto faz parte da série “A Queda dos Mitos Universais”, que reúne várias peças de porte monumental e caráter iconoclasta, e teve início por volta de 1978 com “O Obelisco deitado” na primeira Bienal Latino-Americana de São Paulo. O Big Ben de 2021 relaciona-se com outras obras da artista, como o Pártenon de Livros Proibidos, instalado em 1983, na Av. 9 de julho em Buenos Aires, após o fim da ditadura cívico-militar argentina. Composto por livros censurados pelo conselho diretivo, ao final da exposição daquela obra, alguns guindastes inclinaram o volume de forma que o público pudesse levar os livros para casa.
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Entre as obras da artista estão a réplica do Obelisco de Pão Doce feito para a II Feira das Nações de Buenos Aires em 1979, a Torre do Pão de James Joyce (Dublin, 1980), Carlos Gardel de Fogo (Medellín, 1981) e o Lobo Marinho de Alfajores (Mar del Plata, 1994).
A edição de 2021 do Festival Internacional de Manchester possui programas de cinema e dança, com apresentações de Patti Smith com seu quarteto, e Arlo Parks, uma das últimas revelações da música pop britânica. O "Big Ben revestido com livros políticos" é a nova obra monumental de Marta Minujín, que vem abrir o debate sobre o que valorizamos hoje, além de posicionar a arte no coração do dia a dia das pessoas. A intervenção se apresenta como uma obra de arte de participação massiva, que convida a reinventar os símbolos nacionais unidos num caminho para a democracia e a igualdade.